
Sempre que as notícias se voltam ao Vaticano ou a qualquer assunto relacionado ao Papa, lá está ela “nos telhados de Roma”: Ilze Scamparini. Correspondente da Globo na Itália há 25 anos, a jornalista tornou-se uma figura icônica nas reportagens e entradas ao vivo – e, volta e meia, vira assunto nas redes sociais por seu conteúdo preciso e um certo ar de mistério.
Essa presença marcante também desperta curiosidades sobre sua trajetória. Neta de imigrantes italianos, com formação católica e graduada em Jornalismo pela PUC-Campinas, Ilze passou por diversos programas antigos da Globo, como TV Mulher e Globo Repórter, e chegou a atuar como correspondente internacional em Los Angeles, entre 1997 e 1998.
Depois de retornar ao Brasil, enquanto fazia reportagens para o Jornal Nacional, ela decidiu fazer uma proposta ousada à direção de jornalismo: criar o primeiro posto fixo da emissora na Itália, apostando na forte conexão entre os dois países.
E a aposta deu certo! Ilze chegou a Roma em 1999 e se tornou uma vaticanista – jornalista credenciada permanentemente para relatar as atividades do Vaticano. A princípio, ficaria por apenas um ou dois anos para cobrir o Jubileu do Ano 2000 e parte da vida do papa João Paulo II, mas segue até hoje morando na capital italiana.

Os primeiros perrengues de Ilze Scamparini no modelo "Rome Office"
Antes de convencer a Globo de que poderia trabalhar diretamente de Roma, enviando matérias sobre política, religião e cultura, Ilze Scamparini aproveitou as férias para viajar à Itália e preparar um estudo detalhado sobre a viabilidade do projeto.
Assim que voltou ao Brasil, apresentou à emissora algo que nunca havia sido feito: uma homework station, com a repórter trabalhando sozinha em casa (ou "Rome Office", como costumam brincar por ai), apenas com o apoio de um cinegrafista local. Nada de equipe grande, escritório alugado ou uma enorme quantidade de equipamentos.
A Globo topou esse novo modelo internacional de cobertura jornalística. E foi aí que começaram os verdadeiros perrengues para Ilze. Além de mergulhar de cabeça no universo do Vaticano, a jornalista precisou se virar nos trinta para contornar os problemas técnicos da época. Enviar matéria do outro lado do oceano não era nada simples – nem rápido.
Foi só em 2004, com a chegada do “kit correspondente”, uma tecnologia criada pela Engenharia da Globo, que tudo ficou mais ágil (e menos sofrido). Ilze, inclusive, foi responsável pela primeira reportagem da Globo no exterior transmitida via internet
Onde é o "telhado" de Ilze Scamparini?
Desde que o papa Francisco faleceu aos 88 anos, em 21 de abril, e teve início um novo Conclave, Ilze Scamparini voltou aos holofotes com suas entradas ao vivo pelos “telhados”.
Mas o que muita gente não sabe é que ela comanda as reportagens diretamente de seu apartamento – mais precisamente do terraço, que tem uma bela vista para a cúpula da Basílica de São Pedro. De lá, já cobriu três papados e três conclaves (contando com o mais recente).

Em 2023, Scamparini revelou ao Fantástico os detalhes de seu cantinho favorito, localizado na Piazza Navona, em Roma. Ao lado de Sabrina Sato e do amigo de longa data, o repórter-cinematográfico Maurizio della Costanza, a jornalista circulou pela área espaçosa e cheia de plantas, com uma confortável área de descanso e sofás. Lá, ela vive com o marido, o roteirista italiano Domenico Saverni. O casal optou por não ter filhos juntos.
“É um cenário maravilhoso, e a cúpula é a protagonista absoluta”, comentou na época. Além de ser seu ambiente de trabalho, Ilze destacou que o local também é um espaço de convívio, onde chegou a organizar três festas de Carnaval para os amigos.