"As pessoas me disseram que era o filme favorito delas, só que nunca mais queriam vê-lo": Este longa que marcou toda uma geração completa 25 anos
Giovanni Rodrigues
Giovanni Rodrigues
-Redação
Já fui aspirante a x-men, caça-vampiros e paleontólogo. Contudo, me contentei em seguir como jornalista. É o misto perfeito entre saber de tudo um pouquinho e falar sobre sua obsessão por nichos que aparentemente ninguém liga (ligam sim).

Réquiem para um Sonho celebra os 25 anos de seu lançamento. Um filme que marcou toda uma geração, e além, por sua inventividade e sua mensagem chocante.

Thousand Words / Protozoa Pictures

Existem filmes cuja primeira exibição não estamos prontos para esquecer. Certamente este é um deles, sem dúvida para muitos de nós. Réquiem para um Sonho é o tipo de filme que não pode deixar ninguém indiferente. E as razões são numerosas.

Primeiro, sua forte mensagem sobre os vícios, especialmente drogas, inibidores de apetite, mas não apenas isso. O filme também foi precursor no tema do vício em telas, muito antes do surgimento dos smartphones e redes sociais, por exemplo.

A história segue Sara Goldfarb (Ellen Burstyn), que vive sozinha e na esperança obsessiva de um dia ser convidada para o programa de televisão que ela tanto ama. É com essa perspectiva que ela segue uma dieta draconiana, para caber no vestido que usará quando o grande dia chegar...

Uma "viagem" vertiginosa e angustiante

Seu filho Harry (Jared Leto) é dependente de drogas. Com sua namorada Marion (Jennifer Connelly) e seu amigo Tyrone (Marlon Wayans), eles afogam seu cotidiano em visões infantis do paraíso terrestre. Em busca de uma vida melhor, o quarteto é arrastado para uma espiral infernal que os afunda, cada vez mais, na angústia e na autodestruição...

Protozoa Pictures / Thousand Words

Na forma, Réquiem para um Sonho também é uma direção e um estilo muito "cortado", que poderia ser qualificado como estilo de "videoclipe", e que depois iria inspirar muitos. Ajustado ao segundo com aquela música inesquecível e obsessiva de Clint Mansell, Darren Aronofsky inventaria uma montagem que ele chama de "hip hop", graças à qual as imagens e a música se misturam perfeitamente, com um sistema de loops e repetições. O espectador é assim levado a uma "viagem" vertiginosa e angustiante, podendo até criar uma sensação de mal-estar.

O olhar de Darren Aronofsky, 25 anos depois

As oportunidades de falar longamente com um diretor sobre um filme do passado não são comuns, e portanto são preciosas. É a oportunidade de lançar um olhar diferente, com a pátina do tempo e a evolução da sociedade.

Graças ao relançamento de Réquiem para um Sonho, tanto em alguns cinemas ao redor do mundo quanto em uma nova edição de DVD/Blu-Ray em 4K, o nosso site irmão-francês AlloCiné pode conversar com o cineasta, de forma retrospectiva sobre este filme. Com a particularidade de que Darren Aronofsky nunca revê seus filmes. Uma escolha que ele aceitou explicar com toda franqueza.

"Acho que é uma perda de tempo. Na verdade, é algo bastante narcisista. Seu ego se empolga, e isso não serve para nada. Ou te faz sentir mal porque você acha que perdeu algo. Ou você fica orgulhoso de si mesmo, o que também não ajuda. Então, é melhor continuar trabalhando, avançando e dedicando seu tempo ao próximo projeto".

Se Darren Aronofsky não revê seus filmes, ele está, por outro lado, regularmente em contato com o público que continua descobrindo sua obra de geração em geração, falando com ele sobre isso, e assim ele percebe, através deles, o impacto que tem especialmente Réquiem para um Sonho, ainda hoje. O cineasta, que esteve presente na Cinemateca Francesa, pôde conversar sobre vários de seus filmes que foram exibidos no templo da cinefilia.

É incrível que o filme ainda tenha um impacto tão grande!

À pergunta "você o considera um filme geracional?", ele responde sem hesitação: "Sim. Ouço falar disso o tempo todo. Estou feliz que as pessoas ainda o assistam, pensem nele e se conectem com ele". E enfatiza: "É incrível que o filme ainda tenha um impacto tão grande!".

Thousand Words / Protozoa Pictures

Darren Aronofsky confidenciou algumas das reações mais incomuns que recebeu ao longo do tempo: "Conheci pessoas que foram vê-lo em um primeiro encontro e acabaram se casando. Se puderam ficar juntos depois desse filme, poderiam superar qualquer coisa!.

Muitas pessoas me disseram que Réquiem era seu filme favorito, só que nunca mais queriam vê-lo. Também ouvi dizer que era o pior filme para um primeiro encontro!", lembra ele, sorrindo.

O filme teve um impacto forte, mas sua mensagem sobre vícios também teve um efeito, além do cinema. Concretamente, espectadores lhe disseram que evitaram ou pararam de usar drogas após assistir a este filme?

"Sim, muitos, muitos, muitos. Isso acontece o tempo todo que me dizem isso. Hubert Selby Jr. (o autor do livro que Réquiem para um Sonho adapta, N.D.R.) era alguém que dedicou sua vida a ajudar as pessoas a se livrarem das drogas. Ele ficou sóbrio por muitos anos. E então ajudou muitas pessoas. Acho que quando ele escreveu o livro, era esse tipo de coisa".

Darren Aronofsky continua: "Conheci muitos toxicômanos que estavam realmente muito distantes de tudo e que viram o filme, o que os trouxe de volta para o caminho certo e salvou suas vidas".

Réquiem para um Sonho
Réquiem para um Sonho
Data de lançamento 2 de novembro de 2001 | 1h 42min
Criador(es): Darren Aronofsky
Com Jared Leto, Ellen Burstyn, Jennifer Connelly
Usuários
4,4
Adorocinema
4,0
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Réquiem para um Sonho foi apresentado no Festival de Cannes, fora de competição. O filme foi muito bem recebido por lá. 25 anos depois, o filme pode ser redescoberto e ganhou uma nova edição DVD/Blu-Ray restaurado em 4K.

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